terça-feira, fevereiro 10, 2009

Aviões da AM - Caudron G-3


De construção francesa, o Caudron G-3 foi amplamente utilizado na 1ª Guerra Mundial como avião de reconhecimento. Era um biplano, com asas parecidas com barbatanas e equipado com um motor rotativo de 80 HP Gnome-Rhône. O Caudron G-3 não tinha ailerons, mas sim deformadores de curvatura de asa que actuavam pelo movimento lateral do manche, semelhante ao princípio usado pelas aves. Para manter a estrutura das barbatanas, cabine e fuselagem, era todo envolvido por uma armação de madeira, sendo necessários 78 cabos de aço, tipo corda de piano. O motor era do tipo rotativo, que girava conjuntamente com a hélice e que causava bastante trepidação. Para evitar tonturas nos pilotos e tripulante, o motor era envolvido por um capot que o fazia parecer muito maior. Ver voo de Caudron G-3 em 2008.

Réplica do Caudron G-3 no Museu do Ar em Alverca.
Nos fins de 1916 dois Caudron G-3 foram adquiridos para a Aviação Milititar de Portugal, juntamente com cinco Maurice Farman F40 e um Morane Saulnier tipo H, para reforçar o contingente Maurice Farman que estava sendo usado no primeiro curso de treino em Portugal, que começou em 1 de Outubro de 1916 na Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha. A Esquadrilha Mista do Depósito, criada em 1918, primeiro estacionada em Alverca e depois deslocada para Tancos em 1919, foi inicialmente equipada com 2 Caudron G-3. Em 1920, a Escola da Aviação Militar mudou para Sintra, bem como os seus Caudron G-3.

Caudron G-3 em Vila Nova da Rainha. Alferes Dias Leite, capitão Santos Leite, major Cifka Duarte, jornalista Acúrsio Pereira, capitão Ribeiro da Fonseca, capitão Carlos Beja e sargento ajudante João Santos. (Crédito Mais Alto)
Os seis Caudron G-3 que Portugal adquiriu de França iriam reforçar o Esquadrão Expedicionário de Angola em 1921, para onde tinha sido enviados nove bimotores Caudron G-4 em Outubro de 1918 aquando da formação da Esquadrilha Inicial Colonial, sediada na Humpata no distrito da Huila, para fazer a ofensiva contra os alemães no sul de Angola, durante o período da I Grande Guerra Mundial. Em 1921 foi redesignada como Grupo de Esquadrilhas de Aviação de Angola, equipado com a esquadrilha dos Caudron G-4 e também outra Esquadrilha com 12 Breguet 14 A2, entretanto mudada para a cidade de Nova Lisboa (actual Huambo). O Grupo recebeu em 1922 alguns Caudron G-3 construídos no PMA – Parque de Material Aeronáutico, tendo sido desactivado em 1923. Foi num Caudron-G3 que Emílio de Carvalho fez um circuito pelo norte de Angola, ligando pela primeira vez Luanda, Ambriz, Ambrizete e Susaire.

Emilio de Carvalho ao centro com pessoal mecânico, de Esquadrilha Expedicionária de Angola, junto a um Caudron G-3 (Huambo 1923) (Crédito Edgar Pereira Cardoso)
O comandante L. Cunha e Almeida e o tenente Pinho da Cunha junto a um Caudron G-3 (Huambo 1923). (Crédito Edgar Pereira Cardoso)

Um dos nove bimotores Caudron G-4, aquiridos por Sacadura Cabral em França nos finais de 1917, destinados à Esquadrilha Expedicionária de Angola, fotografado em Vila Nova da Rainha.

Caudron G-3 de origem francesa, com Sacadura Cabral no posto de pilotagem. Quando era pilotado "a solo", este ocupava o posto traseiro. (Crédito J.S.Pereira)
Caudron G-3 em Sintra, mostrando uma pintura camuflada - tal como usado pelos franceses durante a 1ª guerra mundial - indicativo da sua origem francesa. (Crédito Cor. Pinheiro Correia)
Caudran C-59, único avião de treino adquirido pela Aviação Militar, para efectuar provas de voo para selecionar o avião de instrução báisca em 1923. Foi dado preferência ao AVRO 504-K. (Crédito EMFA)
O Caudron G-3 tornou-se famoso em Portugal, principalmente porque se tornou o primeiro avião a ser construído sob licença no país, a partir de 1922 no Parque de Material Aeronáutico (mais tarde Oficinas Gerais de Material Aeronáutico). Entre 1922 e 1924 foram construídos 50 Caudron G-3. O primeiro da série foi chamado “Andorinha”. Estes aviões tinham motores Le Rhone R-9-C de 80 cavalos e foram básicamente utilizados para treino de pilotos até 1933, quando começou a ser substituído pelo Tiger Moth.
Um avião Caudron G-3 no Campo da Aviação da Amadora.

Técnicos e operários que construíram o 51º Caudron G-3 (réplica) nas OGMA em 1968, expressamente para o 50º aniversário das OGMA.

Técnicos e operários que construíram o 1º Caudron G-3 nas OGMA em 1922.


A réplica do Caudron G-3 nas OGMA, antes de seguir para o Museu do Ar.

O Caudron G-3 (réplica) durante as comemorações do 50º aniversário das OGMA, em 1968.
Revista Windsock Datafile 94 sobre o Caudron G-3.