sábado, julho 07, 2012

Inicio do paraquedismo português no P.M.A. - 1922





















"Foram muito interessantes as experiências de balões cativos e exercícios de lançamentos de pára-quedistas, que se realisaram em Alverca, no Parque de Material Aeronautico, no dia 6 de Outubro de 1922. Entre a assistência destacavam-se os srs general Alberto da Silveira, comandante do Campo Entricheirado, o tenente-coronel sr. Freitas Soares, director da Aeronautica Militar, o tenente-coronel sr. Oliveira Gomes, comandante da Escola Prática de Infantaria e muitas outras individualidades da classe militar. As diversas unidades da Avição enviaram ao Parque vários aparelhos, assistindo os seus tripulantes às experiências.
Era meio dia quando o capitão comandante da companhia de Aerosteiros, sr. Mário da Costa França e o tenente sr. José Machado de Barros subiram no aerostato, munidos do equipamento especial, lançando-se da altura de 500 metros. Esta experiência foi coroada de êxito: os pára-quedas funcionaram perfeitamente.
Num dos hangares do Parque foi servido champagne aos oficiais, discursando nessa ocasião o general sr. Alberto da Silveira, o tenente-coronel sr. Freitas Soares, o capitão sr. Santos Leite, etc., e respondendo o comandante da companhia sr. França, que agradeceu a presença de todos os que assistiram aos exercícios. Muito povo que presenciou as experiências seguiu com manifesto interesse e simpatia os trabalhos dos distintos oficiais que assim horam o exercito e a Patria" (Ilustração Portuguesa de 14-10-1922).
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Sobre o primeiro lançamento em pára-quedas, efectuado por portugueses, no nosso país, escreveu Edgar Cardoso, coronel piloto aviador, no seu livro "O Jubileu das OGMA" de 1968:

«Mas a proeza nacional para a época, como é lógico - foi realizada pelos observadores aeronáuticos, capitão Costa França e tenente José Machado de Barros, respectivamente, 1º e 2º comandantes da Companhia de Aerosteiros, no dia 6 de Outubro de 1922. Logo às primeiras horas da manhã começou a afluir ao aerodrómo de Alverca, uma multidão de curiosos, que as sentinelas continham a custo, tal era a ânsia de assistir àquela exibição inédita. Cerca das 9 horas, começaram chegando ao campo de aterragem vários aviões da Amadora e de Tancos.

Primeiro o Breguet 9, tripulado pelos tenentes Paiva Simões e Pais Ramos, depois o Nieuport 7, com o tenente Dias Leite, o Breguet 7, com o capitão Sarmento Beires, e o Spad 3 com o tenente Oliveira Viegas. Pouco depois deram ingresso no campo o general Silveira, comandante do Campo Entricheirado de Lisboa e o tenente-coronel Freitas Soares, director da Aeronáutica Militar.

Aproveitando a demora do Ministro da Guerra, o capitão Ribeiro da Fonseca, subiu num Caudron G-3, completamente construído no P.M.A., fazendo vários exercícios de acrobacia aérea, que suscitaram o maior interesse do público, que o ovacionou, quando aterrou.
Cerca do meio-dia, os dois aerosteiros, como a ventania tivesse abrandado, depois de posto o balão cativo em ascenção, lançaram-se de uma altura de 500 metros, primeiro o capitão França e depois o tenente Barros, com excelente êxito. Depois foi o delírio e toda aquela imensa gente correu a rodear os dois destemidos pára-quedistas (heróicos como os jornais da data lhes chamaram), para os vitoriarem com palmas. Por esse motivo - o que dada a sua banalidade hoje faria sorrir - foram os dois oficiais, louvados pela sua coragem, pelas instâncias superiores»

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