terça-feira, outubro 21, 2008

Aviões da FAP - Auster



Um exemplar do Pilot's Notes do Auster D.5/160 (Recuperado nas cheias de 1967).

O Auster foi fabricado pela Auster Aircraft Limited na Inglaterra de 1938 a 1968, a partir de uma versão do avião americano Taylorcraft e utilizado intensamente em tarefas de observação e reconhecimento durante a II Guerra Mundial. Ver a história do Auster aqui.

As OGMA fabricaram 147 aviões Auster (D.4/108, D.4/180 e D.5/160), tendo a Força Aérea Portuguesa utilizado este avião no período de 1961 a 1976, nomeadamente no teatro da guerra colonial, para ligações, transporte de mantimentos e mesmo evacuação de feridos, dadas as suas capacidades de descolar e aterrar em espaços muito curtos. O Museu do Ar tem actualmente em exposição o Auster 3565 nas instalações de Alverca e um outro exemplar em estado de voo (3548) está na Granja do Marquês. Sobre os aviões Auster em Portugal, quer os importados de UK (29 unidades) quer os fabricados (147 unidades) pelas OGMA a partir de 1963, ver o resumo abaixo (M. Canongia Lopes - Revista Avions nº 083 de Fevereiro 2000 e Spanish and Portuguese Militar Aviation de John M. Andrade).
Lista dos Austers das FAP e suas respectivas matrículas.
Um Auster D.4/108, importado de UK (c/n 3656), foi inicialmente matriculado como FAP 3505 e posteriormente cedido à Secretaria da Aeronautica Civil, com a matrícula CR-LFC. Inicialmente a SAC, criada em 1944, além da função reguladora da aeronautica civil, exercia a administração directa das infraestruturas aeronauticas e do controlo da navegação aérea. Por exemplo, foi no seio da SAC que nasceu a actual TAP, mais tarde transformada em empresa autónoma.

Uma foto mostrando os Austers 3560 e o 3558, em Lourenço Marques no ano de 1964.
Dois aviões Auster do aeroclube universitário de Coimbra CS-AMW (c/n 94) e CS-ANE (c/n 109). Todos os Austers, mesmo os de utilização militar saíram de fábrica pintados a branco e bordeaux. A versão militar diferia da civil apenas ao nível dos equipamentos e nalgumas janelas em vidro para melhorar a visibilidade. (Crédito revista Avions Fevereiro 2000).
DO-27A 3474 nas OGMA em 1970, sem marca da unidade, pintado a cor prata, com o topo da fuselagem e cauda em branco, e laranja no nariz, pontas das asas e leme de direcção. Auster D.5/160 3564 com distintivo da BA 3, o que não era comum nos D.5/160, com as cores invertidas (amarelo e azul), pintado a branco e vermelho escuro. (Crédito Spanish and Portuguese Militar Aviation de John M. Andrade).
Auster D.5/160, com a matrícula civil CS-ANQ (c/n125) na DOGMA-2 em 1969.

Austers incompletos e semi-destruidos na BA9, Luanda em 1975.
Os aviões Auster 3564 no Museu do Ar em Alverca, o 3548 na Granja do Marquês e o exemplar que se encontra no Museu da OGMA.

Fotos tiradas no Museu do Ar na Granja do Marquês em Jan 2008

(Fonte Aviões da Cruz de Cristo)


O Auster nas OGMA e na capa da revista "Mais Alto".
Algumas fotos de Austers retiradas da net. Termino recomendando a visita ao site walkaround.com de Nuno Martins, também um ex-ogma, que tem muita informação actualizada sobre aviões.

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17 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Felicito-o mais uma vez pelo excelente blog.
o post relativo (fotografias) ao G-91 e A7P, transportou-me - com um arrepio, pois claro - para a BA6 do Montijo, quando a esquadra 301 lá operava o G-91. grandes tempos!! Todos os tempos que guardamos na biblioteca da vida, estão condenados a serem "grandes tempos". Ao ver o post do auster (e que excelente post) lembrei-me do Do-27 e do que nos poderá dizer sobre essa soberba aeronave?
um abraço

11:11 da tarde  
Blogger José Fernandes dos Santos said...

Obrigado pelo comentário. Ficaram-me estas paixões e como tenho algum tempo livre, aproveito para fazer algumas fotos e procurar material sobre os aviões que conheci, o que me dá imenso gozo. Para além de recordar aqueles tempos, sempre vou deixando alguns pequenos contributos, através desta desta facilidade que a net proporciona, que espero sejam apreciados pelos amantes da aviação como eu.
O Dornier Do-27 também fez parte do meu trabalho na DOGMA-2 em Luanda e vou certamente colocar um post sobre ele.
Abraço.

11:46 da tarde  
Blogger kadypress/ricardo duarte said...

JFS, gostei do seu trabalho de pesquisa sobre o Auster D5/160.Há tempos que ando a procurar o modelo desse avião à escala. Dizem-me ter existido da Revell mas que os pilotos portugueses e ex-Fap compraram tudo num ápice, lol.O mais parecido que encontrei foi o Piper PA-18 Super Cub que Revell relançou há dias.
Este interesse advém de o meu pai, piloto das FAV -Formações Aereas Voluntárias em Angola (da FAP)ter voado inúmeras horas neste avião (Auster D5-160) ao serviço da Pátria.Parece que há uma revista da FA de aviões que fala nesse pilotos e no nome do meu pai - João Carlos Guedes Duarte.Se houver interesse posso publicar ou ceder uma única foto que tenho dele com o Auster da FAV. Pergunto se também haviam aviões civis deste modelo? Se sim desconfio (pois não sou um entendido) que tenho também fotos dos aviões que voaram com o meu pai para o Aero Clube do Ambriz(Angola).
Chamo-me Ricardo Duarte e os meus contactos são : kadypress@gmail.com e 915190400.
Cumprimentos e mais uma vez parabéns pelo seu blog.

11:09 da tarde  
Blogger Castro Santos said...

Não conhecia este trabalho MERITÓRIO e EXEMPLAR. Comecei com 16 em Cub J3 e Brevetado em 68 - Aero Clube de Angola . Depois de mais algumas horas e aterragens lá fui autorizado a passar para o AUSTER aonde fiz um bom par de horas nas mais diversas missões em Angola.Depois já em Portugal e no Algarve (Faro) ainda cheguei a voar no velho Auster (civil) que está dependurado no Terminal de Passageiros do Aeroporto de Faro Bem haja e parabéns pelo trabalho

11:02 da tarde  
Blogger Duarte Fernandes Pinto said...

Bonita reportagem sobre o Auster, avião que marcou muito a minha infância, quando voar "pendurado" com os meus pais (mãe e pai pilotos) nos anos 60 e 70. Lembro-me muito bem do lento CS-AMN e de ser muitas vezes rebocado de planador com os D5, em Évora, Sintra e mesmo em Belas (Luanda). Também me lembro de vir num Rhönlerche (planador) a reboque de um D5 que rebocava simultaneamente outro planador, desde Évora até Sintra.
Auster, avião que serviu para tudo, mas também avião "macaco" quando se tratava de o aterrar com forte vento cruzado ...

9:10 da manhã  
Anonymous António O. M. Menici Malheiro said...

Lages (SC) - Brasil 07/05/2011

Parabéns e obrigado José Fernandes dos Santos, venerável Ex-OGMA, por ter feito o que eu, a DGAC/INAC, FAP, ACP, MinistD, MinistTC, etc, nunca fizeram (só o Museu do Ar). Relembrar, homenagear e documentar o fantástico Auster D5 OGMA.
Este AVIÃO fez história nacional durante os grandes tempos, como o Pedro aqui disse. Grandes tempos mesmo e não força de expressão, porque não voltarão mais. Sei que era interesse de defesa nacional, mas a FAP colaborava com a DGAC e vice-versa (ex.: a FAV do João Duarte) e tirar o brevet era quase de graça e acessível para toda a juventude. Hilariante portanto, que a comunistada de 75 chamasse à aviação desportiva "desporto de fascistas ricos" e aí começou o declínio da mesma até hoje. O céu agora é só para profissionais e militares (e onde é que eles começaram?). No ar já não há lugar para o desporto, lazer, aventura, amor pelo voo, prazer de sair do chão, romantismo. Não há lugar para "amadores apaixonados". Agora é tudo normalizado, sofisticado e caro. Tudo HiLevel / HiTec / HiChic / HiJet7, sob as doutas batutas do INAC, ICAO, JAR, JAA, Jeppesen, FAA... Quer ser piloto? Quer? Só acima do FL350, full PLA, full IFR, tudo muito "full"! Abaixo é para os pássaros e insectos, que insistem em fazer alegres voos ao arrepio da legislação dos anexos I, II, IV, doc 4444, CIAs e Notams!
Arrepiantes as suas fotos dos D5 saqueados e vandalizados na BA9 Luanda em... 75! Deixamos muitas pérolas a p...
Ignorantes, nem deixaram os velhos e leais guerreiros, descansar com dignidade.
Hoje já com 53, lembro meus 7 a 12 anos de idade em Braga, os D5 CS-AMZ e CS-AMY, assim como o Super Cub CS-AIA (lindo em uniforme de ex-FAP, hoje pintado de palhaço em Tires) e o Paulistinha CS-ALB (esse ainda lá está no ACB, + ou - original), eram os gurus e os mitos que faziam meus sonhos diurnos. Eram "as avionetes", com um fascínio surrealista, ali tão perto - podia até tocar - aos domingos, com o meu pai (piloto do ACB). Tive o previlégio de voar neles todos, assim como anos mais tarde, no D5 CS-ANF de Espinho.
Espero que o ACP (Porto) venha a ter interesse e fundos, não sei de onde, para repor o CS-AMZ em estado de voo (mantendo-o o mais original possível, não façam como a AEROCOND... fez com o pobre CS-AIA).
O Auster D5 OGMA Bordeaux / branco, é vicioso nos ventos cruzados e irregulares, perdas sem motor e voltas apertadas, é só para PILOTOS, mas tem um fiável motorzão / helicezão e é muito rubusto, além de linhas puras lindíssimas e elegantes (típico anos 50). Ele é único no seu género e história, tem carisma e fascínio. Também graças a si e aos seus colegas, ele não é de Leicester / UK. É "português", não pode morrer abandonado, como muitos outros verdadeiros portugueses em Luanda 75!
Por isso, ele lhe agradece este seu post, JFS, divulguem-no!
Um abraço da
Família "Aero Menici".

a.menici@sapo.pt
aeromenici@hotmail.com

Avô - António Octávio B. Menici Malheiro (falecido 99)- PPA / ACB - Tiger Moth / CUB J3 / Auster J5F.
Pai - António Octávio M. Menici Malheiro - PPA / ACAB (França) / ACB / ACP / ACCV - Paulistinha / Auster D5 / CUB J3 / Beech 23A-24 / PA22 / F152 / F172 / F177.
Filho - António Octávio S. Menici Malheiro - AP / ACP - TenPil / FAP - LET L13 Blanik / Auster D5 / F172 / F152 / TB30 Epsilon / C212 Aviocar.

1:14 da manhã  
Anonymous Joao Silva said...

Obrigado pela informação, estou a construir um modelo r/c à escala 1/5 do Auster J1 em principio gostaria de o pintar com as cores do Ex Auster CS-ACI, mas apenas encontro fotos a preto e branco e para as provas de maquetes necesito de pelo menos uma fotografia a cores. Consegui aqui fotos do interior da cabine falta-me agora os promenores dos flaps que por acaso não vem no medelo que estou a construir

8:35 da manhã  
Anonymous joao silva said...

Bem, consegui aranjar o "manual of Instruction# do auster J1 e verifiquei que os split flaps neste modelo poderiam ser incorporados como um extra, o que me facilita imenso o trabalho de construção da maquete voadora

12:32 da tarde  
Anonymous Mário Ventim Neves said...

Obrigado por este texto sobre o Auster.
Gostaria de dizer ao kadypress/ricardo duarte que sim, havia aviões civis, nos aero-clubes, e, como se lê no artigo, são iguais no aspecto aos militares - só sem a Cruz de Cristo.
E quero dizer ao Alberto que não o reconheço, mas talvez ele se lembre de mim, Mário Ventim Neves. A minha história aeronáutica é igual à dele,no ACA. Fomos contemporâneos. Pode contactar-me em ventim@uninova.pt.
Mário Ventim Neves

4:29 da tarde  
Blogger ali khan said...

partilha grande e bom, eu realmente estou visitando sobre primeira vez a este blogue andi achar que é muito útil e informativo, espero que você continue assim e vai continuar continuar a partilhar connosco
http://www.translation.pk/document-translation-services/

11:47 da manhã  
Anonymous V.F. said...

Os Auster fabricados em Portugal eram diferentes dos "originais" por isso nao se encontram kits de plastico como eles eram.
Quando foi decidido construir em Alverca os Auster os modelos apresentados tinham motores Gipsy Major iguais ao Chipmunk, invertidos em linha o que dava ao aviao uma silhueta completamente diferente mas esses motores estavam obsoletos, ja nao se fabricavam.
Optou-se entao pelos 4 cilindros opostos, de 108, 160 e ate 180CV e "ficou um aviao tal como o conhecemos, com motor qb, trem dificil etc etc mas como eu gostava de voar nele (algumas centenas de horas) e ate ao fim da fabricacao foram sendo introduzidas modificacoes mas mantendo no essencial as sus bem definidas caracteristicas

1:01 da manhã  
Blogger Henrique Rodrigues said...

Em 1969 frequentei no Ambriz Angola o curso de Piloto Particular de Aeroplanos. Fiz exame Setembro e obtive a licença de PPA. Foi o trampolim para seguir uma carreira na Força Aérea durante quase 40 anos. CR-LFN tinha o nome do Gen. Kaúlza de Arriaga e pertencia ao Aero Club do Ambriz, uma interessante e motivada escola de aviação. O Sr. José Augusto foi o meu instrutor e o examinador pela parte da Sec. da Aeronáutica Civil de Angola, foi o Cmdt. Armando Cró, com quem mantenho amizade e contactos numa tertúlia semanal.Por razões ligadas entre a unidade do Exército que estava colocada no Ambriz e o Aero Club ainda fiz algumas horas de vôo em missões requisitadas por essa unidade militar, nesse mesmo avião.
Hoje procuro elementos para construir uma réplica a uma esc. cerca de 1:3 do Auster D5160HP CR-LFN.
Obrigado pelas informações aqui prestadas e felicidades ao blog
Henrique Rodrigues
Cor.Hrodrigues@gmail.com

11:42 da tarde  
Anonymous Carlos Gilbert said...

Bom dia. Com que motores estavam equipadas as Auster portuguesas? É que é nítida a diferença da parte frontal das mesmas (entradas de ar simétricas para com o veio da hélice, sugerindo um motor "boxer") em comparação com as Auster inglesas, com entrada de ar vertical só de um dos lados (devido ao motor de "quatro em linha"). Desconhecia esta diferença.

11:51 da manhã  
Anonymous Carlos Gilbert said...

Afinal de contas, mais acima está a explicação... Peço desculpas.

11:54 da manhã  
Blogger zahra zafar said...

nice shairng amazing one keep sharing mianwali

11:05 da manhã  
Anonymous Antonio Enca said...

Que óptimo trabalho.
Eu ando a tentar localizar alguma informação de 1 Auster que esteve em S.Tomé e Príncipe e encontrei uma publicação de um jornal, referindo a matrícula CR-SAS, que penso não terá existido. Talvez ASS ou AAS
Como conseguirei encontrar alguma coisa deste avião?
António Encarnação
Aeroclube de São Tomé
balonismo a gmail.com

12:00 da manhã  
Blogger Henrique Rodrigues said...

Verificar na lista dos fabricados. Tem as províncias a quem foram distribuídos os Auster. Não sei se todos?

9:07 da tarde  

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