quinta-feira, julho 08, 2010

Portão das Águias VIII (act.e fim)

Na sequência da entrega da Petição pela Preservação do Portão das Águias, em 2-06-2010, foram recebidas as respostas do CEMFA (11-06-10), da OGMA (18-06-10), Junta de Freguesia de Alverca (24-06-10) e Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, sendo hora de fazer o balanço final desta iniciativa.

1) Do oficio nº 185/10 do CEMFA, transcrevo "...em reunião realizada na OGMA-SA, em 29 de Abril de 2008, esta manifestou intenção de introduzir alterações arquitectónicas na respectiva portaria. Pelo que representam no seu passado histórico, a Força Aérea manifestou, então, interesse nas peças decorativas nela instaladas. Em 20 de Abril de 2010, veio a OGMA-SA colocar à disposição as duas águias ali existentes, as quais se encontram à guarda da Força Aérea.
Mais me encarrega Sua Excelência o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea de comunicar a V.Exa que, as referidas águias manterão um lugar de destaque digno da simbologia que representam para a aeronáutica militar, passando uma delas a estar exposta no Museu do Ar, fiel depositário das memórias aeronáuticas e outra no Átrio Principal do edificio do Estado-Maior da Força Aérea, em Alfragide" (fim de transcrição)

Confirma-se assim que foi a OGMA a "oferecer" as águias e não a FAP a requisitá-las, em contradição com o que o Gabinete de Relações Públicas da Ogma transmitiu ao jornal Vida Ribatejana em 28-04-2010. Do mesmo documento também se pode concluir que a FAP se considera satisfeita com a entrega das águias, "peças decorativas instaladas na portaria da OGMA", que irão preservar e colocar em lugares de destaque, "pelo que representam no seu passado histórico", após terem aceite passivamente a descaracterização do portão da OGMA em reunião conjunta de 28-04-2008.

2) Quanto à carta da OGMA, de 18-06-2010, transcrevo-a na integra: "Ex.mo Sr José Fernandes dos Santos, Tenho presente sua carta de 02 Junho, a qual capeava um conjunto de catorze folhas, com cerca de quatrocentos nomes e localidades, pressupondo-se serem as residências daqueles Nossos Concidadãos.
Como é evidente, concordamos com a Vossa afirmação de que as águias metálicas que encimavam os dois pilares da entrada do portão principal "das OGMA - Oficinas Gerais de Material Aeronautico", foram o simbolo da Aviação Militar.
Efectivamente, em 1952, a Força Aérea Portuguesa foi Herdeira da Aviação Militar e da Aviação Naval, passando as "Oficinas" a depender do novo Ramo como uma Unidade de Apoio à Operação dos Meios Aéreos, na dependência da Direcção de Serviço Material e, mais tarde, directamente do próprio CEMFA, se bem que com Autonomia Administrativa e Financeira. Ao tempo, e dada a semelhança dos simbolos - Águias e Cruz de Cristo - com os simbolos da FAP, foi decidido não haver alterações.
Em 1994, "as OGMA" ou, como era voz corrente dizer-se, "as Oficinas", foram transformadas em Sociedade Comercial e integradas na EMPORDEF (SGPS) S.A., na dependência do Ministério da Defesa, com a designação de "OGMA - Industria Aeronáutica de Portugal S.A."
Não obstante, o facto é que, a verdadeira transformação, se assim se pode dizer, ocorreu em 2005 com a privatização. A OGMA S.A. é hoje, finalmente uma Empresa Privada, embora com participação minoritária de capitais públicos, cujo objectivo é a manutenção e fabricação, tanto para a aviação militar como civil.
A actual Administração da OGMA S.A. considera que o mais importante Património da Empresa são os seus Trabalhadores, pelo que, o foco está exactamente no aumento da sua formação e qualificações, para que a Empresa consiga competir num mercado cada vez mais exigente em termos de qualidade, melhores preços e cumprimento de prazos de entrega.
Releva-se que a Empresa tem conseguido esse desiderato; mas para continuar a responder aos desafios deste mercado, cada vez mais competitivo, em preços, qualidade e prazos de entrega, é necessário o empenhamento de todos nós, de forma a ser possível que, pelos Portões da OGMA S.A. continuem a movimentar-se diariamente milhares de pessoas, as quais dela dependem, e tendo presente que o desenvolvimento da Região e do nosso País está "de mãos dadas" com o sentimento de voarmos cada vez mais alto.
Finalmente, gostaria de asseverar a V. Exa que as águias metálicas terão um Destino tão ou mais nobre do que tinham no enquadramento da Portaria, perpetuando-se com Dignidade a sua imagem e a da Aviação Militar Portuguesa.
Atentamente
Eduardo Bonini Santos Pinto
Presidente &E CEO
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Da resposta da OGMA, fica claro que o portão da entrada não é considerado património histórico a preservar, mas sim as águias metálicas, em linha com o resultado da reunião de 29-04-08 com a FAP. Ficamos sem saber se se trata apenas de falta de sensibilidade para com o património histórico da OGMA, mesmo depois de tomarem conhecimento do sentimento de indignação dos trabalhadores pela sua descaracterização, ou se consideram que este é um "empecilho" ao desenvolvimento da Empresa e da Região. Não há na carta uma palavra sobre o que pretendem fazer ao que resta do portão das águias.

c) A resposta da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, de 24-06-10, acusa a recepção do documento e informa que "irá disponibilizar toda a sua atenção e empenho ao assunto da petição".

Esperemos que tal aconteça e que a Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, consiga pelo menos evitar a destruição do resto do portão das águias.

d) A resposta da Câmara de Vila Franca de Xira, de 16-07-10, acusa a recepção da petição que "originou várias diligências junto de diversas entidades", tendo resultado na recepção do oficio nº 185/10 do CEMFA, o qual tinha sido enviado à Junta de Frequesia de Alverca em 28-05-2010 e que depois nos foi remetido em 11-06-2010.

Resta-me agradecer o empenho dos 422 signatários que deram a cara por esta iniciativa, bem como o apoio da APOGMA, Portal de Alverca e Cidade de Alverca.

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